20/02/2011

Trio Nagô 1955 “Trio Nagô” [Continental LPP 35]


Três vozes. A fórmula se repete a partir da década de 1920, como fenômeno musical nas Américas. Do country ao jazz norte-americano, passando pela música mexicana, cubana, andina, paraguaia e brasileira, todo o continente se comoveu com a formação de três vozes se irisando em matizes diferentes.

Dentre a infinidade dos trios vocais da música universal, merece destaque o Trio Nagô, que no Brasil, ao lado do Trio Irakitan, foram os melhores exemplos na arte de vocalizar em trio. Foi o Trio Nagô quem desbravou o caminho e modelou os padrões dos arranjos adotados mais tarde pelos outros trios brasileiros, inclusive o Irakitan. A fórmula musical soava mágica, misturava o som dos trios latinos com o som do agreste, com as histórias dos poetas repentistas, dos violeiros, pescadores e jangadeiros de olhar mareado, cantando mistérios e prodígios, valentes como cangaceiros.

No final da década de 1940, em Fortaleza no Ceará, o alfaiate Mário Alves costumava receber dois amigos pelas manhãs em sua pequena loja de costuras, para prosear e cantar. Mário cortava e costurava cantando, enquanto os amigos Evaldo Gouveia e Epaminondas de Souza o acompanhavam com voz e violão. A coisa não passava de brincadeira. Mário encerrava o expediente e voltava para casa, enquanto Evaldo e Epaminondas esticavam a cantoria até altas horas nos botecos de Fortaleza. Um dia alguém os ouviu cantando e os indicou para uma audição na rádio local. Pouco tempo depois, estavam no Rio de Janeiro representando o Ceará no programa do César de Alencar na Rádio Nacional. A apresentação lhes rendeu um contrato com a Rádio Jornal do Brasil no Rio de Janeiro. Era 1950.

Trio Nagô em fotografia promocional da gravadora Decca na França.

Dois anos depois, já haviam se apresentado nas mais importantes casas do Rio e de São Paulo e assinado contrato com a Rádio Record. Foram lançados diversos discos de 78 rotações e iniciaram as turnês nacionais. Os primeiros long-playings saíram pelas gravadoras Rádio, Sinter e Continental - mais tarde gravam também pela RCA Victor. Na TV Record, ganham programa próprio e fazem muito sucesso, com direito a fã-clubes de garotas gritando e suspirando por Evaldo e Epaminondas, os galãs boêmios do trio.

Acompanhando o êxito dos trios internacionais, fizeram turnês no México, Argentina, Uruguai e outros países da América Latina. Evaldo que tinha medo de avião - ia de ônibus para os shows pelo Brasil enquanto os companheiros voavam - agora era obrigado a cruzar os mares pelo ar. Nos Estados Unidos, gravaram programas de TV e discos de 78 rpms. Em seguida na Europa, obtêm êxito na França, Inglaterra e Portugal. Com a repercussão da temporada de Paris, o produtor Max de Rieux do selo Decca, contrata o trio para a gravação de mais uma coleção de canções lançadas em discos de 10 polegadas, compactos e 78 rpms. Gravações inéditas no Brasil. Na volta, são ovacionados e condecorados por autoridades pela divulgação da nossa cultura no exterior. Mesmo famoso, Mário Alves continua a trabalhar desenhando e costurando também para o Trio.

Esta história de sucesso que possui ainda outros capítulos, hoje corre o risco de ser esquecida. O Trio Nagô se quer é lembrado pelos historiadores. Depois de uma breve separação no final dos anos 50, o Trio se refez no início da década de 60, gravando alguns LPs, onde adotaram o repertório e a harmonia da bossa-nova com brilho, mas já sem o sucesso. O Trio Irakitan ocupou o posto com dignidade e qualidade. Evaldo Gouveia tornou-se compositor respeitado, fez história na série de sambas-canção escritas em parceria com Jair Amorim - são os autores de “Alguém Me Disse”. De Epaminondas e Mário pouco se soube, o Trio Nagô encerrou suas atividades em meio a desentendimentos e pouca visibilidade.

Em audição com o produtor francês Max de Rieux da Decca, Evaldo ao piano.

Neste disco, lançado pela Continental em 1955, o Trio Nagô é registrado na sua melhor forma. Estão aqui as clássicas “Aquarela Cearense” de Waldemar Ressurreição e “Mocambo de Paia” de Gilvan Chaves. Dorival Caymmi não poderia ficar de fora e comparece numa belíssima interpretação de “Dora”. Assim como Ary Barroso, sua “Terra Seca” [“...trabaia, trabaia negô...”] ganha versão definitiva e sua “Na Baixa do Sapateiro” também é interpretada com brilho. Vale destacar “Prece ao Vento” de Alcyr Pires Vermelho, Gilvan Chaves e Fernando Luiz, com assovios e efeitos para lembrar o vento. O conjunto que os acompanha também merece atenção, com percussão, piano, órgão, baixo acústico e acordeon, tudo muito discreto e eficiente. Ouve-se até uma guitarra elétrica em alguns momentos, saturada com dissonância inacreditável para a época... Seria obra do Evaldo Gouveia? Difícil dizer, mas a guitarra exótica está lá.

A fantástica capa deste disco foi desenhada pelo argentino Paez Torres, artista gráfico radicado no Brasil. Este é o Trio Nagô, um dos maiores mistérios da história da música brasileira.
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Trio Nagô em foto do Stúdio Adolfo, São Paulo.

01 Prece ao Vento [Alcyr Pires Vermelho, Gilvan Chaves, Fernando Lobo] toada
02 Mocambo de Paia [Gilvan Chaves] toada
03 Terra Sêca [Ary Barroso] samba
04 Dora [Dorival Caymmi] samba
05 Aquarela Cearense [Waldemar Ressureição] samba
06 Na Baixa do Sapateiro [Ary Barroso] samba
07 Louco da Praia [Graça Batista, Alvaro Castilho] canção
08 Ladeira do Amor [Graça Batista, Amado Régis] corrido
Este disco é um presente do site Bossa Brasileira e não pode ser comercializado.

o Trio Nagô canta “Saudades da Bahia” de Dorival Caymmi no filme “Chico Fumaça” dirigido por Victor Lima, com arranjos para orquestra de Radamés Gnattali.

Délora Bueno “Cânticos Brasileiros” 1955 [Odeon LDS 3009]



Você provavelmente nunca leu o nome de Délora Bueno em livros ou ouviu seu nome citado nas conversas sobre música brasileira, mas ela foi dona de uma bela voz, dedicou sua vida a música e teve sua parcela de importância na história da nossa música popular.

Délora Bueno foi uma das primeiras artistas brasileiras reconhecidas fora do Brasil. Filha de pai brasileiro [pianista] e mãe norte-americana, nasceu nos Estados Unidos mas cresceu e se educou no Brasil entre o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Minas Gerais, naturalmente absorvendo toda essa diversidade cultural. No Rio de Janeiro, estudou piano na Escola Nacional de Música. Em 1944, voltou com a família para os Estados Unidos e continuou a estudar piano e canto no Juilliard School de Nova York.

Na década de 1940 nos Estados Unidos, havia outra cantora brasileira fazendo muito sucesso, a estrela de cinema Carmen Miranda, que encantava os americanos com sua mistura ingênua de graça, sensualidade, deboche e caricatura. Os americanos, claro, queriam mais, e numa América rendida pela “pequena notável”, Délora Bueno acabou na mira dos executivos da indústria musical. Ela já vinha se destacando nas salas de concerto e em aparições no rádio, sempre apresentando nossa música, logo comandava também um programa na TV com 15 minutos de duração no ano de 1949, antes mesmo da TV estrear no Brasil.

O “Délora Bueno Show” fez sucesso, com ela a vontade em frente as câmeras. Logo expandiram o programa para 30 minutos, rebatizado de “Flight to Rhythm”. Num cenário de boate fictícia o “Club Rio”, Délora agora dividia o microfone com o cantor Miguelito Valdez, uma orquestra, dançarinos e atores que interagiam com os cantores-apresentadores. No programa, Délora também cantava músicas do repertório de Carmen Miranda...

Ela sabia que só sobreviveria se mostrasse seu próprio valor. Eram tempos em que não existiam artistas fabricados, tinha que se ter talento, e muito talento para se sobressair. Assim, Délora Bueno se destacou com seu talento genuíno, incorporou à sua música elementos folclóricos e deixou de lado o deboche. Foi solista em grandes orquestras como a de Paul Whiteman, a da Força Aérea dos Estados Unidos e da Banda da Marinha Norte-Americana.

Neste disco o contralto delicado de Délora Bueno é registrado em sua melhor forma, gravado no Brasil pela gravadora Odeon em 1955. O repertório é impecável, os arranjos incríveis e a voz doce de Délora, perfeita. “...é difícil, tão difícil separar dois coração...”

O resultado é genial, com a elegância peculiar das gravações brasileiras na década de 1950. Délora Bueno é acompanhada por orquestra, coro e conjunto regional - infelizmente não creditados. O disco abre com a belíssima valsa amazônica “Tambatajá” de Waldemar Henrique em gravação definitiva. Continua nas brejeiras “Óia o Sapo”, “Toca-Toca”, “Pingo Dágua” e “Tayeiras” retiradas do folclore. “Cobra Grande” é outra belíssima valsa amazônica de Waldemar Henrique, também em gravação definitiva; de sabor psicodélico, com a orquestra desenhando paisagens de sonhos - no caso de pesadelo. O gosto de interior do Brasil aparece nas famosas “Maringá” do mestre Joubert de Carvalho e “Casinha Pequenina” [tradicional] com destaque para o acordeon. É de se emocionar. Para fechar o disco, Délora convida a galopar com Ary Barroso em “Meu Trolinho”. Com arranjos de metais em brasa, letras alternando inglês e português e percussão marcada, “Meu Trolinho” remete à Carmen Miranda e aumenta uma certa impressão circense que acompanha todo disco, como que lembrando que é necessário ser um pouco criança para entender e se apaixonar pelo universo musical da Délora Bueno.



Délora Bueno “Cânticos Brasileiros” 1955 [Odeon LDS 3009]


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01 Tambatajá [Waldemar Henrique] canção amazônica
02 Óia o Sapo [tradicional] canção
03 Toca-Toca [tradicional] canção
04 Pingo D'água [Osvaldo de Souza] canção
05 Cobra Grande [Waldemar Henrique] canção amazônica
06 Maringá [Joubert de Carvalho] canção
07 Tayeiras [tradicional]
08 Casinha Pequenina [tradicional]
09 Upa! Upa! Meu Trolinho [Ary Barroso] marcha


Este disco é um presente do site Bossa-Brasileira e não pode ser comercializado.

Para ouvir outro belo disco de Délora Bueno, lançado em 1962, visitem a página do meu amigo Simon Boutman, que voltou a editar o seu excelente site, o Unbreakable Microgooves para nossa alegria.

Oscar Borgerth & Léo Peracchi “Música e Romance 1” 1954 [Musidisc MV 006]

Difícil descrever a experiência que é ouvir “Música e Romance volume 1”, um dos discos mais bonitos que tivemos o prazer de postar no Bossa Brasileira.

Léo Peracchi e Oscar Borgerth gravaram apenas piano e violino interpretando melodias eruditas à moda romântica da metade do século passado. Na contracapa nenhum texto, apenas o catálogo de lançamentos da gravadora Musidisc em 1954, data em que deve ter sido lançado este long-playing. Também não há registros de um segundo volume com Oscar Borgerth e Léo Peracchi.

“Música e Romance” possui apenas uma composição brasileira “Flor da Noite” de Radamés Gnattali, as outras faixas são de autores internacionais como Dvórak, Debussy, Chopin, Vecsey, Granados e Brahms.

A bossa está presente na interpretação fantástica dada pelos dois músicos. Um som de abismo, de doce beleza em tonalidades cruéis, escuras. Como se deixasse um rastro, um alento no ambiente. “Romance”? As melodias se sucedem como em uma evocação. Como grito de liberdade, ou uma ode às vitimas da segunda guerra mundial. Delirante como um sonho.

Oscar Borgerth & Léo Peracchi “Música e Romance volume 1” [Musidisc MV006]

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Léo Peracchi é considerado um dos maiores músicos brasileiros, foi arranjador, compositor, maestro, instrumentista e professor. Ao lado de Radamés Gnattali é responsável pela introdução de elementos inovadores dentro da orquestração na música brasileira. E como Radamés, transitava com naturalidade pelos universos populares e eruditos. Seu estilo como arranjador é inconfundível e considerado moderno até hoje.

Oscar Borgerth quase não é lembrado hoje. Foi gênio em seu instrumento, o violino, e um dos nomes mais importantes da música clássica do Brasil na época, premiado por diversas vezes aqui e no exterior. Oscar estudou violino com Orlando Frederico no Instituto de Música do Rio de Janeiro e completou sua formação em Viena. Atuou sob regência de Eleazar de Carvalho e Villa-Lobos em turnês internacionais e foi importante intérprete da obra de Hekel Tavares. Contribuiu muito para a divulgação da música erudita brasileira pelo mundo.

Cada detalhe, cada glissando do violino, cada passeio do piano, cada toque, tudo é executado com grande delicadeza e entrega, os músicos dando o melhor, muito mais que simples seriedade e profissionalismo. Paixão e amor a arte. Esta não é uma gravação qualquer, houve um motivo e uma história, seria interessante um dia descobrir...

Perdoe-nos as eventuais imperfeições no áudio. Possuímos dois exemplares deste LP e ambos estão em péssimo estado de conservação, sendo impossível obter um som mais limpo sem comprometer a audição. Ainda assim, do mar de ruídos emergiu um som satisfatório.

“Música e Romance” com Oscar Borgerth e Léo Peracchi, nos faz lembrar de lugares distantes e pessoas amadas, uma trilha sonora perfeitas para os sonhos.

Para saber mais sobre Léo Peracchi visite o belíssimo site do Maestro que inclui biografia, discografia e muito mais mantido pelo Sesc SP.

01 Canções que Minha Mãe me Ensinou [Dvorák]
02 Humoreske [Dvorák]
03 Flor da Noite [Radamés Gnattali]
04 Valsa Opus 39 Número 15 [Brahms]
05 La Plus Que Lemte [Debussy]
06 Noturno Opus 72 [Chopin]
07 Dança Hespanhola número 5 [Granados]
08 Valsa Triste [Vecsey]

Oscar Borgerth: violino
Léo Peracchi: piano

Este disco é um presente do site Bossa-Brasileira e não pode ser comercializado.


Oscar Borgerth em retrato assinado por Cândido Portinari

Rosina Pagã 1957 "Sucessos Com Rosina Pagã" [Rádio 0025V]

Caso raro de hype na pré-história da música brasileira, as Irmãs Pagãs - Elvira e Rosina Cozzolino - fizeram enorme sucesso e incendiaram o rádio brasileiro com sensualidade e o nome sugestivo. Tinham voz rouquinha e afinada, de pouca projeção, mas com graça natural e interpretação cheia de malícia. Eram também muito bonitas. Nasceram no interior de São Paulo, mas entraram no rádio no Rio de Janeiro, pelas mãos de produtor Gilberto de Andrade, no início da década de 1930.

Naquele tempo associar música à sensualidade não significava a mesma coisa que hoje, com a vulgarização do tema. Mesmo assim para a mentalidade da época, uma mulher possuía péssima reputação apenas por ser cantora de rádio. Que dizer de cantoras se insinuando sensualmente em trejeitos vocais e nas letras das canções... Havia modelos similares no exterior e nosso país tropical não poderia deixar de produzir suas representantes legítimas, ainda mais sob o requebro das batucadas. Nos palcos dos cassinos e teatros de revista as roupas que [des]cobriam as vedetes diminuíam cada vez mais e timidamente saíam dos recintos fechados para escandalizar a “sociedade” nas praias cariocas. No morro, a coisa não era novidade. Mas na praia, as oxigenadas Rosina e Elvira estão entre as pioneiras, seguidas da vedete Luz Del Fuego e da cantora Dora Lopes. Quatro artistas entre as primeiras mulheres que usaram biquínis nas praias do Brasil nos anos 40 e 50 do século passado. Pois é, este país deve muito a elas.

Rosina Pagã “Sucessos Com Rosina Pagã” 1957 Rádio 0025 V

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Mas nem todas as cantoras participavam da bagunça, Linda e Dircinha, as Irmãs Batista [!!] eram o antídoto às Pagãs, como representantes das meninas “de família” - intento que não durou muito devido ao próprio comportamento das Batista. A verdade é que de Dalva de Oliveira à Maysa, todas as cantoras brasileiras foram do balacobaco.~

As mulheres que cantavam no rádio tinham que competir de igual para igual com os marmanjos, donos literalmente do pedaço. Aracy de Almeida e Araci Côrtes, por exemplo, caíam nas rodas de samba, não levavam desaforo para casa de ninguém e deram muito trabalho para os delegados dos subúrbios do Rio. Marília Batista com pose de dama e tudo, também não ficava atrás. O fato é que se faziam respeitadas.

O início da década de 1930 foi época de ouro dos conjuntos vocais masculinos, como os Anjos do Inferno e o Bando da Lua e de cantores como Francisco Alves e Mário Reis. Carmen Miranda ainda gravava no Brasil, fazia grande sucesso e sua irmã Aurora também. Outra Carmen, a Barbosa também encantava no rádio. As Irmãs Pagãs eram amigas da turma do rádio, cantavam informalmente nas festas e despertavam paixões. O olhar fatal quando eram fotografadas e as poses propositalmente sensuais em quase nudez, eram o elemento de promoção/provocação. Mas não era apenas isso, suas vozes tinham uma bossa incomum, mostrando grande talento, os discos de 78 rpms que deixaram são a prova.

Quando a dupla se desfez Elvira se retirou temporariamente do mundo artístico e Rosina mudou-se para o exterior, continuando a cantar e participou de alguns filmes no México e nos Estados Unidos. Quando voltava ao Brasil, em pequenas temporadas, Rosina fazia questão de gravar. As Irmãs Pagãs não foram facilmente esquecidas. Elvira, retorna como atriz em filmes no Brasil e na América Latina. Sempre em papéis sensuais elas nunca conseguiram se distanciar da imagem que usaram em seu favor.

Este disco trás pelo menos duas maravilhas na voz de Rosina Pagã. Ele não é de todo bom, ela gravou algumas besteiras. O conjunto ajuda bastante, com piano vigoroso em algumas faixas lembrando a pegada do Britinho, puxando o ritmo marcado. Os destaques são um samba fantástico do Assis Valente “Não Sossega Não” - cantado com tanta graça por Rosina que somos rendidos pelo seu encanto - e o cha-cha-cha “Nunca” com a voz em efeito similar ao que obtinham as Irmãs Pagãs. “Maracangalha” de Dorival Caymmi também aparece em grande forma na voz de Rosina com belo solo de acordeon entre palmas e percussão marcada.

Já entre as besteirinhas estão os sucessos da moda na época como “Que Será, Será” versão Nadir Corte Real, “Le Piano Du Pauvre”, as baladinhas teens “Conversa de Telefone”, “Mamãe Quero Dançar” e “Mambo Rock” - sim amigos um rock, ainda que vestido de mambo - com solo de piano alucinante... Exótico não? Pra animar festinha bizarra...

Mas não se engane que aqui a coisa é boa! “Não Sossega Não” e “Nunca” valem o disco todo. Coisa finíssima. E mesmo nos momentos exóticos, temos a voz de Rosina Pagã que por si só é uma brasa!

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01 Que Será Será [Jay Livigston, Ray Evans, versão Nadir Corte Real] valsa
02 Não Sossega Não [Assis Valente] batucada
03 Nunca [Guty Cardenas] cha-cha-cha
04 Maracangalha [Dorival Caymmi] samba
05 Piano do Pobre [Le Piano Du Pauvre] [Leo Ferré] fox
06 Conversa de Telefone [Steve Allen, versão Lourival Faissal] fox
07 Mamãe Quero Dançar [letra de Lourival Faissal] cha-cha-cha
08 Mambo Rock [B. Reichner, M. Phillips, J. Ayre] mambo rock

este disco é um presente do site bossa-brasileira e não pode ser comercializado.

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acima, a irmã Elvira Pagã no tempo do balacobaco...

abaixo trecho do filme "Alô, Alô Carnaval" de Adhemar Gonzaga, 1936, com as lendárias Irmãs Pagãs