Bossa Brasileira: 2011-10

19/10/2011

Música Calma 007

“Quero música que faça o corpo dançar e junto ao corpo dançando, ativar a alma e fazê-la dançar também!” A música da tradição religiosa afro-brasileira traduz com perfeição os versos do poeta. O novo afro-beat que nasce da música urbana brasileira de hoje, também.

O site Música Calma posta mixtapes que tentam trazer um pouco do que se faz de interessante na música de ontem e hoje, no Brasil e no mundo. Para comemorar a sétima edição do programa, editamos uma coletânea diferente, desta vez apenas com artistas nacionais que tem sua identidade musical ligada à cultura religiosa afro-brasileira, seja no samba, no hip-hop, no pop, no jazz ou na canção.

O tema central da maioria das músicas são os Orixás e o universo cultural presente nos diferentes cultos aos Orixás. Em meio a beats eletrônicos temos batuques, nas letras e títulos, referências diretas a elementos da religião afro-brasileira. Mesmo quando o tema não é diretamente os Orixás, como em “Não Existe Amor em SP” do Criolo, ou em “Lero-Lero” da Luisa Maita, ainda se pode sentir a presença dessa atmosfera no cantar mais solto e leve que toma conta da nova música brasileira, trazendo de volta a naturalidade e a bossa.

o músico Criolo

Um nome se repete ao longo do set: Kiko Dinucci, guitarrista e compositor que ao lado da cantora e compositora Juçara Marçal e do saxofonista e compositor Thiago França lançou o intrigante disco “Metá Metá”, recebido como clássico instantâneo de 2011. De onde destacamos duas faixas, a sensual “Orá Iê Iê O” e a mágica “Obatalá”, de sonoridade delicada e ao menso tempo intensa e espiritual. De outro disco lançado por Kiko ao lado de Juçara Marçal, chamado “Padê”, em 2009, destacamos duas faixas: a abertura com “Padê” e o fechamento do set com a incrível “Machado de Xangô”. Kiko Dinucci participa e também é co-autor da faixa peso-pesado “Mariô”, de outro belo disco lançado neste 2011 “Nó na Orelha” do Criolo.

O set ainda tem Lurdez da Luz ao lado de Jorge Du Peixe, Rodrigo Brandão e Pizzol revisitando Clara Nunes e Caymmi na bela “Rainha do Mar”, a cantora e compositora sergipana Patrícia Polayne e catarinense Biá. Quero destacar em especial uma música que para sempre me fará chorar: a belíssima “Jogo de Búzios” do compositor Arthur Gomes com a voz e o violão do músico Naiman. Como ponta de lança do passado, temos um clássico do cantor e compositor Ruy Maurity “Xangô, o Vencedor”, lançada em 1976 no clássico disco “Nem Ouro, Nem Prata”.

Bom som à todos. E Salve Mamãe Yemanjá! Salve todos os Orixás! Saravá!

MÚSICA CALMA 007